Se você faz compras internacionais ou acompanha notícias sobre comércio exterior, provavelmente já ouviu falar do “imposto das blusinhas” e das novas tarifas que Donald Trump quer impor sobre importações nos Estados Unidos. Mas, apesar de parecerem medidas parecidas – afinal, ambas envolvem taxação –, elas têm objetivos bem diferentes.
Mas como isso impacta o Brasil? E será que tem motivo para preocupação? Vamos explicar tudo de forma simples e objetiva.
A “taxa das blusinhas”: o que é e por que foi criada?
O chamado “imposto das blusinhas” nada mais é do que o Programa Remessa Conforme, criado pelo governo brasileiro para regularizar as compras internacionais feitas por pessoas físicas. Ele surgiu, principalmente, por causa da explosão das compras em sites asiáticos, como Shein e AliExpress, que usavam brechas na legislação para vender produtos sem pagar impostos.
Antes, envios internacionais entre pessoas físicas de até US$ 50 eram isentos de impostos. Mas, na prática, muitas empresas declaravam as compras como se fossem “presentes” entre pessoas físicas para fugir da tributação. A Receita Federal percebeu isso e decidiu acabar com a festa.
Agora, as compras internacionais seguem a seguinte regra:
📦 Até US$ 50 → 20% de imposto de importação + 17% de ICMS (variável por estado)
📦 Acima de US$ 50 → 60% de imposto de importação + 17% de ICMS
A ideia, segundo o governo, não é dificultar as compras internacionais, mas evitar a sonegação de impostos e equilibrar a concorrência com o varejo nacional. Mas, claro, para o consumidor final, significa que aquele “achadinho” pode ficar mais caro.
E as tarifas de Trump? O que ele quer?
Enquanto o Brasil criou a “taxa das blusinhas” para organizar o comércio eletrônico, Donald Trump, nos Estados Unidos, decidiu impor tarifas pesadas sobre importações do México, Canadá e China. Mas o motivo é bem diferente.
Trump quer proteger a indústria americana da concorrência estrangeira, principalmente de países que exportam produtos a preços mais baixos. Mas a estratégia não é nova: desde seu primeiro mandato, ele já defendia essa política comercial mais fechada.
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No novo anúncio, o governo norte-americano determinou:
🔹 Tarifa de 25% para produtos do México e Canadá
🔹 Tarifa de 10% para importações da China
Mas, como sempre acontece com Trump, ele deu um passo para frente e outro para trás. Após uma conversa com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, a tarifa contra o país foi suspensa por um mês.
Mas isso afeta o Brasil?
Diretamente, não. Pelo menos por enquanto, os produtos brasileiros não foram incluídos nessa nova taxação. Mas, indiretamente, o Brasil pode até sair ganhando.
Isso porque, com México e Canadá enfrentando tarifas mais altas, os Estados Unidos podem buscar novos fornecedores – e o Brasil pode se tornar uma opção interessante. Se os americanos precisarem de mais produtos agrícolas, siderúrgicos ou manufaturados, por exemplo, podemos acabar conquistando esse espaço no mercado.
Mas também há um risco: se Trump decidir expandir sua política protecionista e mirar outros países, o Brasil pode acabar entrando na mira. Mas, segundo o presidente Lula, caso isso aconteça, a resposta será na base da reciprocidade, ou seja, o Brasil pode reagir com novas tarifas sobre produtos americanos.
Guerra comercial à vista?
A decisão de Trump não agradou nem um pouco a China, que já avisou que vai levar o caso para a Organização Mundial do Comércio (OMC) e pode adotar medidas de retaliação. Isso significa que podemos estar diante de uma nova guerra comercial – algo que o mundo já viu entre EUA e China no passado.
Mas, se isso de fato acontecer, o Brasil pode se beneficiar novamente. Com as barreiras aumentando entre os gigantes do comércio global, nosso país pode se posicionar como um fornecedor alternativo para ambos.
Então, no final das contas, qual a diferença?
Apesar de envolverem taxação, os dois casos são bem diferentes:
✔️ “Imposto das blusinhas” (Brasil): regula compras internacionais feitas por consumidores brasileiros, buscando evitar sonegação e equilibrar o comércio nacional.
✔️ Tarifas de Trump (EUA): impõem barreiras para proteger a economia americana e reduzir importações de outros países.
Mas e para o consumidor brasileiro, muda algo?
A curto prazo, a taxa das blusinhas é o que realmente impacta quem faz compras internacionais. Produtos vindos de fora ficaram mais caros, e a tendência é que isso desestimule um pouco o crescimento dos e-commerces estrangeiros no Brasil.
Já as tarifas de Trump, por enquanto, não mudam muita coisa para os brasileiros. Mas, caso haja uma guerra comercial, podemos sentir os reflexos – seja com oportunidades de exportação para o Brasil ou até com efeitos na economia global.
No fim das contas, tanto a política brasileira quanto a americana mexem com o comércio internacional. Mas, enquanto a “taxa das blusinhas” atinge diretamente o bolso dos consumidores, as tarifas de Trump fazem parte de um jogo político e econômico bem maior.
Agora, resta acompanhar os desdobramentos e torcer para que os impactos sejam mais positivos do que negativos para o Brasil.