Os canhotos e seus mistérios? Apenas cerca de 10% da população mundial tem essa característica, e talvez seja justamente por isso que sempre tenham sido envolvidos em uma aura de mistério e misticismo. Mas de onde vem essa ideia de que canhotos são mais criativos? Será que é verdade ou apenas mais um mito que adoramos repetir? Vamos explorar, mas já adianto: a resposta não é tão simples assim.
A relação entre o cérebro e a criatividade
Grande parte dessa crença vem da forma como o cérebro humano funciona. Você já deve ter ouvido falar que o hemisfério esquerdo está associado à lógica, linguagem e raciocínio, enquanto o direito é ligado à criatividade, intuição e pensamento visual. Como os canhotos geralmente têm o hemisfério direito mais ativo, surgiu a ideia de que eles teriam uma “vantagem criativa”.
Mas – e aqui está o primeiro “mas” importante – essa divisão cerebral não é tão rígida quanto parece. O cérebro é um órgão complexo, e os dois hemisférios trabalham juntos em praticamente todas as atividades. A ideia de que um hemisfério é “criativo” e o outro “lógico” é uma simplificação exagerada.
Um estudo realizado por várias universidades europeias, citado pelo Canal History, analisou o desempenho matemático de 2.300 pessoas e descobriu que os canhotos se saíram melhor em problemas complexos, sugerindo habilidades cognitivas diferenciadas. Mas, mais uma vez, isso não prova que todos os canhotos sejam criativos – ou que os destros não sejam.
O mundo dos destros e a adaptação dos canhotos
Outro argumento interessante é que os canhotos vivem em um mundo projetado para destros. Desde abridores de lata até instrumentos musicais, tudo parece conspirar contra eles. Por isso, muitos canhotos acabam desenvolvendo maior capacidade de adaptação e, às vezes, soluções criativas para problemas do dia a dia.
Mas será que isso realmente os torna mais criativos ou apenas mais habilidosos em resolver problemas específicos? Talvez um pouco dos dois. Afinal, criatividade não é apenas pintar quadros ou escrever livros; é também encontrar novas maneiras de lidar com desafios.
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E a ciência, o que diz?
A ciência, no entanto, ainda não bateu o martelo. Estudos sobre criatividade são notoriamente complicados porque a criatividade é subjetiva e multifacetada. Além disso, fatores como cultura, ambiente e genética têm grande influência.
Um ponto que não podemos ignorar é que muitos dos grandes nomes da história eram canhotos, como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Mas será que o fato de serem canhotos os tornou mais criativos? Ou será que, por serem criativos, lembramos deles como exemplos quando falamos desse mito?
Mas, afinal, canhotos são mesmo mais criativos?
A resposta é… depende. Canhotos podem, sim, ter algumas características que os ajudem a desenvolver habilidades criativas. Mas dizer que todos os canhotos são mais criativos do que os destros é uma generalização que não se sustenta.
O que sabemos com certeza é que criatividade não está limitada à lateralidade. Destros, canhotos, ambidestros – todos podem ser criativos, desde que tenham as oportunidades certas para explorar e desenvolver seu potencial.
No fim, a ideia de que os canhotos são mais criativos pode ser mais um daqueles mitos que adoramos repetir. Mas quem disse que precisamos de provas científicas para valorizar as singularidades das pessoas? Seja canhoto ou destro, o importante é lembrar que a criatividade está mais relacionada à maneira como usamos nossas habilidades do que à mão que escolhemos para escrever. E isso, convenhamos, é algo que todos podemos alcançar.