Eleições, novas cepas da Covid-19, inflação e Selic em alta. Os primeiros dias do Ibovespa foram de queda e já dão o tom de 2022 que deve ser marcado por elevada volatilidade. O cenário é pessimista.
Os problemas são conhecidos e, de certa forma, estão sendo antecipados pelo mercado, como se a corrida eleitoral já estivesse acontecendo agora e não em outubro. Olhando para a conjuntura atual, pode-se chegar a uma conclusão: é hora de fugir da bolsa e correr para a renda fixa. Certo? Errado!
A afirmação está equivocada por vários motivos. O primeiro é simples de se observar. Mesmo em alta, a remuneração da renda fixa está aquém do que se pode obter de ganhos. A Selic atualmente encontra-se em 9,25% e este patamar é, na verdade, mais uma correção de efeito de inflação do que rentabilidade, pois o ganho real, de fato, nestas taxas atuais praticamente inexiste.
O investidor que busca segurança por conta de uma taxa de juros mais alta está apenas protegendo o seu capital de uma deterioração da inflação.
Um segundo ponto é que diversificar deve fazer parte do mantra de qualquer investidor. É importante olhar para a renda variável com bons olhos, porque, de repente, é essa parte da carteira que vai trazer bons resultados no médio/longo prazos.
Esta lição ficou clara nos últimos anos, quando os brasileiros, ao se depararem com a vertiginosa queda dos juros, foram obrigados a olhar cada vez mais para outras opções do mercado. Manter uma carteira de longo prazo significa olhar para setores consolidados, como os grandes bancos e o segmento de siderurgia.
Mas, independente do cenário que se traça, é preciso ter em mente que o encantamento do mercado de ações consiste na possibilidade de adaptar a estratégia para lucrar em qualquer conjuntura. Na verdade, a volatilidade é o melhor dos mundos para quem opera no curto prazo, seja com day trade ou swing trade.
Em uma conjuntura de pessimismo, como a atual, é possível operar vendido. Quando a tendência é de baixa e dá para surfar uma onda vendendo alguns papéis. Claro, essa estratégia exibe riscos muito maiores e, portanto, requer cuidado e conhecimento do investidor.
Ao mesmo tempo, a volatilidade traz como benefício a possibilidade de ganhos de curto prazo, com operações como a de compra das ações de empresas com liquidez em momentos de forte perda do mercado, como ocorreu com a Petrobras no dia 05 de janeiro. As ações preferenciais da companhia (PETR4) despencaram 3,87% nesta data e logo na manhã seguinte abriram em alta.
Em meio ao pânico do mercado, o profissional deve ter o sangue frio de se posicionar, o que pode ser feito operando vendido em meio a queda e zerando a posição no fim do dia. Outra forma é comprar as ações no vale e vender na recuperação, que ocorre no dia seguinte, ou dias depois.
Ficar fora da renda variável é perder oportunidade de ganhos no curto ou longo prazo. Os sobressaltos da bolsa em uma conjuntura negativa que provoca essa volatilidade podem assustar e, para evitar desgastes ou perdas é preciso saber lidar com os riscos.
Neste sentido, estudar o mercado para aprender novas estratégias, acompanhar as notícias e estar atento aos movimentos da bolsa, são passos importantes para garantir a proteção da carteira, manter a diversificação e não ser pego de surpresa com as quedas fortes do mercado.
Por: Antônio Marcos Samad Jr., advogado com especialização em direito tributário. Tem experiência de mais de 22 anos no mercado financeiro, já passou por grandes corretoras, onde atuou como sócio gestor de escritórios da Gradual, Walpires, XP e Terra Investimentos. Hoje é sócio e gestor da mesa proprietária Axia Investing