Na quarta-feira, Stacey Plaskett fez história no plenário do Senado, quando se tornou a primeira representante sem direito a voto na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos a servir como gerente de impeachment.
Stacey representa as Ilhas Virgens dos Estados Unidos, que como território não tem voto no Congresso.
Ela está na posição única de defender o caso para condenar o ex-presidente Donald Trump por incitar o ataque de 6 de janeiro ao Congresso norte-americano, mas foi impedida de votar a favor do impeachment na câmara em que ela serve.
“Aprendi ao longo da minha vida que preparação e verdade podem levar você longe, permitir que você fale a verdade ao poder”, disse Plaskett em seu discurso de abertura.
Ela mencionou sua jornada improvável de projetos habitacionais em Brooklyn, Nova York, a Santa Cruz, nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos, e “agora como uma mulher adulta represento um território insular falando ao Senado dos Estados Unidos da América.”
Ela não disse que, como o vice-presidente Harris não era mais senador, Plaskett era a única mulher negra na câmara.
O gerente de impeachment da Casa Principal (Lead House), Jamie Raskin, do estado de Maryland, apresentou Plaskett, a quem ele ensinou durante a faculdade de direito, chamando de “um momento de orgulho especial” para ele.
Os democratas dizem que a rebelião foi preparada à vista do público
Plaskett apresentou o argumento dos democratas da Câmara de que Trump desempenhou um papel importante tanto na organização quanto ao dar as ordens do ataque a Washington, cidade da democracia do país.
“Vocês verão que esse ataque violento não foi planejado em segredo. Os insurgentes acreditavam que estavam cumprindo o dever de seu presidente. Eles estavam seguindo suas ordens”, disse Plaskett.
A equipe jurídica de Trump argumentou que o ex-comandante que estava encarregado, não deve assumir nenhuma responsabilidade pelo ataque mortal ao Congresso, que deixou cinco pessoas mortas, incluindo um policial que foi espancado por rebeldes.
Durante o processo de impeachment na terça-feira, os advogados de defesa de Trump argumentaram que seus comentários no comício anterior ao ataque são palavras protegidas pela Primeira Emenda.
Sua equipe acrescentou que, se os democratas da Câmara quisessem realmente buscar justiça, eles esperariam que as investigações sobre o ataque fossem concluídas e processariam as auto-intituladas milícias cujos membros se comunicaram em tempo real durante o cerco.
Plaskett rebateu essas afirmações, dizendo aos senadores que o ex-presidente era o centro do ataque.
Ela disse que Trump passou meses “cultivando uma base de pessoas que eram violentas, elogiando essa violência e depois levando essa violência, essa raiva, direto para a nossa porta”.
A congressista de quatro mandatos deu exemplos, incluindo o debate presidencial em setembro, quando o então presidente se recusou a denunciar o grupo de extrema direita, os Proud Boys, dizendo-lhes para “recuar e aguardar”.
*Proud Boys é uma organização política neofascista de extrema-direita que admite apenas homens como membros.
Ela articulou em outros incidentes, argumentando que Trump continuou a alimentar essa base violenta, como durante um comício de 12 de dezembro em Washington, D.C., quando apoiadores pró-Trump entraram em confronto com contra-protestadores.
Quatro pessoas foram esfaqueadas e dezenas foram presas.
Plaskett disse que a manifestação foi organizada pelas Mulheres pela América Primeiro, o mesmo grupo que garantiu a autorização para a manifestação que precedeu o ataque ao Congresso norte-americano.
Plaskett disse que os Proud Boys estiveram presentes em ambos.
“Ele organizou o ataque em 6 de janeiro com as mesmas pessoas que haviam acabado de organizar um comício que resultou em uma enorme violência”, acrescentou Plaskett.
Ela observou que a diferença entre os eventos de dezembro e janeiro é que Trump deu um passo adiante e se certificou de que “sua cavalaria” não permanecesse parada.
Plaskett então leu as próprias palavras de Trump no comício:
“Estamos indo para o Congresso”, ela citou. “Nós lutamos. Nós lutamos muito. E se você não lutar muito, você não terá mais um país.”
Plaskett disse que, por todos esses motivos, o ex-presidente deve ser condenado e desqualificado para concorrer a um cargo federal novamente.
Na terça-feira, a equipe jurídica de Trump afirmou que os democratas da Câmara estão tentando condenar Trump em parte porque temem enfrentá-lo na eleição de 2024.
Conteúdo traduzido da fonte NPR por Wesley Carrijo para o Jornal Contábil