O cenário político dos Estados Unidos sofreu uma reviravolta significativa neste domingo, quando o presidente Joe Biden anunciou sua desistência da candidatura à reeleição. O ex-presidente e candidato republicano Donald Trump aproveitou a oportunidade para declarar à CNN que acredita ser mais fácil derrotar a vice-presidente Kamala Harris nas eleições de novembro.
A notícia da desistência de Biden surgiu após intensa pressão de aliados para que ele renunciasse à sua candidatura. O presidente vinha enfrentando dificuldades crescentes desde um debate pouco satisfatório contra Trump, onde sua performance foi criticada e levantou questionamentos sobre sua aptidão física e cognitiva. Inicialmente, Biden resistiu às pressões, realizando entrevistas e reuniões com governadores democratas e negando qualquer declínio em suas capacidades.
Entretanto, nos últimos dias, rumores de que Biden considerava desistir ganharam força. Figuras influentes do Partido Democrata, como o ex-presidente Barack Obama e a ex-líder da Câmara Nancy Pelosi, expressaram suas preocupações sobre as chances de Biden na eleição. Pelosi, segundo fontes da CNN, teria dito a Biden que ele não venceria, enquanto Obama confidenciou a pessoas próximas suas dúvidas sobre a viabilidade da reeleição de Biden.
A situação se agravou na quarta-feira (17), quando Biden foi diagnosticado com Covid-19 e precisou suspender eventos de campanha, entrando em isolamento em sua casa em Delaware. Durante esse período, a reflexão sobre a continuidade de sua candidatura se intensificou. De acordo com uma fonte da Reuters, a decisão final de desistir foi tomada neste domingo. “Na noite passada, a mensagem era para seguir em frente com tudo, a todo vapor. Por volta das 13h45 de hoje, o presidente informou à sua equipe sênior que havia mudado de ideia”. A decisão pegou muitos funcionários da Casa Branca de surpresa.
O Partido Democrata ainda não anunciou quem será o novo candidato para enfrentar Trump nas eleições de novembro. O debate televisionado no final de junho marcou um ponto crítico para Biden, que apresentou uma voz rouca, pouco entusiasmo e hesitações frequentes. Em contraste, Trump foi assertivo e calmo em suas declarações, não sendo desafiado por Biden. Esse desempenho foi considerado o “início do fim” para o presidente de 81 anos, alimentando uma crise interna no Partido Democrata sobre sua capacidade de seguir em frente.
As eleições presidenciais dos EUA estão marcadas para 5 de novembro. A Convenção Nacional Democrata, que oficializará o candidato do partido, acontecerá entre 19 e 22 de agosto.
Veja a íntegra do comunicado de Joe Biden:
“Meus queridos americanos,
Nos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como nação.
Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução de nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Prestamos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.
Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia de uma vez por século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.
Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre apenas em cumprir meus deveres como presidente pelo resto do meu mandato.
Falarei à nação mais detalhadamente sobre minha decisão ainda esta semana.
Por enquanto, permitam-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão duro para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E permitam-me expressar minha sincera gratidão ao povo americano pela fé e confiança que vocês depositaram em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer quando fazemos juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América.”
As eleições nos EUA acontecem em 5 de novembro, e a Convenção Nacional Democrata, que oficializará o candidato do partido, será entre 19 e 22 de agosto.