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Usar o ar-condicionado de maneira imprópria pode causar incêndios

por Leonardo Grandchamp
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Com a chegada do verão e as temperaturas atingindo recordes devido às ondas de calor, o consumo de energia tende a aumentar, em grande parte devido ao uso intensivo de aparelhos de ar-condicionado ou ventiladores. Entretanto, é crucial manusear esses equipamentos com cuidado para evitar incêndios decorrentes de sobrecarga elétrica. Uma recomendação essencial é verificar se o imóvel possui capacidade elétrica adequada para suportar esses equipamentos, especialmente o ar-condicionado, que demanda maior consumo de energia.

Edson Watanabe, professor de Engenharia Elétrica na Coppe/UFRJ, destaca a evolução das preocupações elétricas, passando de uma época em que a ênfase estava na iluminação para a realidade atual, na qual cada vez mais dispositivos eletrônicos coabitam um mesmo espaço, exigindo maior carga de energia. Ele ressalta a importância de contratar um profissional de elétrica para avaliar se o quadro de energia da residência é compatível e suporta o aumento de equipamentos.

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O curto-circuito, muitas vezes associado a incêndios, é considerado uma ocorrência rara, e Watanabe explica que, quando acontece, os disjuntores geralmente protegem o local desligando o sistema. O professor alerta para o fato de que instalações antigas, projetadas numa época em que o ar-condicionado era raro, podem não estar preparadas para suportar as demandas atuais de consumo elétrico.

Além disso, o retorno aos equipamentos após um longo período desligados merece atenção, pois o consumo, especialmente de ar-condicionado residencial, pode aumentar significativamente, causando sobrecarga se os fios não estiverem preparados para isso. Watanabe enfatiza a importância de verificar se a tomada não está aquecendo durante o uso e recomenda a retirada do plugue quando o aparelho não estiver em uso.

Outro ponto de destaque é o uso de adaptadores de tomada não regulamentados, como benjamins, que representam riscos. Watanabe ressalta a necessidade de utilizar filtros de linha aprovados pelo Inmetro, que possuem fusíveis disjuntores para proteger contra sobrecargas.

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O major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, destaca que muitos atendimentos relacionados a incêndios têm causas elétricas, como sobrecarga, curto-circuito e contato imperfeito nas tomadas. Ele aconselha a população a não tentar apagar imediatamente o fogo com água e, em vez disso, desligar a rede elétrica da casa para interromper o fornecimento de energia ao fogo.

Em casos de incêndios elétricos, Contreiras recomenda a utilização de extintores de incêndio adequados, como os de gás carbônico ou pó químico seco. No entanto, o mais importante é evacuar a residência com segurança e acionar o Corpo de Bombeiros. Ele destaca que, caso seja possível, afastar o equipamento em chamas para fora de casa pode ajudar a evitar a propagação do incêndio.

Em suma, a conscientização sobre o uso seguro da eletricidade é crucial para prevenir incidentes, e a consulta a profissionais qualificados para avaliação da instalação elétrica é fundamental para garantir a segurança nas residências.

Baterias

Outro aspecto destacado pelo porta-voz do Corpo de Bombeiros refere-se aos equipamentos portáteis alimentados por bateria. Isso inclui baterias extras de celular, de veículos novos e motos elétricas.

O major Fábio Contreiras alerta para o risco das baterias à base de íon de lítio, especialmente durante períodos de ondas de calor. Esses equipamentos, se expostos a altas temperaturas, como dentro de um veículo trancado sob a luz direta do sol em dias muito quentes, podem sofrer danos e, em casos mais extremos, chegar a incendiar-se. A recomendação enfatizada é evitar deixar baterias e dispositivos desse tipo em veículos fechados ou em ambientes internos. É aconselhável mantê-los sempre em locais ventilados, bem arejados e longe da exposição direta ao sol. Assim, é preciso ter cautela com equipamentos elétricos, especialmente em dias de calor intenso, mesmo que estejam projetados para suportar temperaturas elevadas, sendo sempre prudente adotar medidas preventivas.

Meteorologia

O verão, que teve início às 0h27 do dia 22 de dezembro e se encerrará às 0h06 do dia 20 de março, promete não apenas temperaturas elevadas, mas também, de acordo com a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Andrea Ramos, apresentará características de uma estação chuvosa. Ramos destacou que o verão é a estação mais propensa a chuvas intensas quando comparada às outras, caracterizando-se por irregularidades como tempestades, pancadas de chuva, trovoadas e rajadas de vento, especialmente devido ao calor intenso e à influência do fenômeno climático El Niño, que ainda persiste.

Ao longo de 2023, o Brasil enfrentou nove ondas de calor, sendo a última registrada entre 14 e 17 de dezembro. Para ser considerada uma onda de calor, a temperatura máxima precisa exceder 5 graus em relação à climatologia, representando a série histórica desde o início das medições de temperatura, e persistir por, no mínimo, 4 dias consecutivos. Andrea Ramos explicou que o fenômeno climático El Niño continuará impactando as temperaturas em janeiro, e embora haja uma expectativa de redução da intensidade do calor a partir de fevereiro, ainda se espera que persista, pelo menos, até outubro de 2024. A meteorologista não descartou a possibilidade de uma nova onda de calor em janeiro.

Quanto à previsão climática, há um consenso entre o Inmet, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cpetec) e a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) de que janeiro e fevereiro apresentarão chuvas na média nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e parte de Minas Gerais. No entanto, nas regiões Nordeste e Norte do país, as chuvas devem ficar abaixo da média, enquanto no Sul são esperadas precipitações acima da média.

Andrea Ramos destacou que, segundo a Organização Meteorológica Mundial, desde agosto estamos experimentando os meses mais quentes desde o início das medições. Esse fenômeno é observado não apenas no Brasil, mas globalmente. A meteorologista ressaltou que 2023 está se configurando como o ano mais quente registrado, superando até mesmo 2016, que também foi marcado como um ano de super El Niño.

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