Oferecer suporte ao microempreendedor individual (MEI) é a proposta da SmartMEI, startup paulistana em operação desde outubro de 2015. Pelo aplicativo é possível tirar dúvidas sobre questões burocráticas e organizar obrigações legais e fiscais de forma gratuita.
A ferramenta ainda oferece funcionalidades equivalentes às de uma conta bancária de pessoa jurídica (PJ) – neste caso, há mensalidade e algumas operações são tarifadas. O usuário pode emitir nota fiscal, gerar boletos e gerenciar pagamentos e recebimentos.
Para ter acesso à plataforma, basta fazer um cadastro com o número do CNPJ. O smartphone passa a funcionar como se fosse o contador do MEI, com alertas sobre as datas de vencimento de impostos, por exemplo. O registro de transações no aplicativo facilita a consulta do histórico e permite ao empreendedor fazer por conta própria as declarações a serem enviadas à Receita Federal.
A figura do MEI foi criada pelo governo em 2008 para incentivar o profissional que trabalha por conta própria a se legalizar. Quem opta por esse modelo se formaliza como microempresário pelo Portal do Empreendedor e não precisa de contador. Mas as dúvidas são frequentes, inclusive as trabalhistas, já que o MEI pode contratar um único funcionário.
A ideia de criar a startup surgiu quando Marcello Picchi e Carlos Dejavite cursavam um MBA em Stanford, nos Estados Unidos, entre 2013 e 2015. Eles testaram diversas plataformas para ajudar os MEIs pela internet e o projeto foi começando a ganhar forma.
“O que originou a SmartMEI foi um teste para automatizar a questão da burocracia trabalhista. No meio disso, os empresários nos procuravam com frequência para tirar todo tipo de dúvida sobre seus negócios. Nisso, começamos a respondê-los pelo WhatsApp, Google Docs ou por e-mail”, conta Picchi, sócio-fundador da empresa.
Ao voltar para o Brasil, em agosto do ano passado, a dupla desenvolveu a versão final e decidiu continuar oferecendo de forma gratuita o suporte via WhatsApp: o número para contato se encontra no site da startup.
O aplicativo ajuda o MEI a verificar se há declarações atrasadas e faz o cálculo total de impostos utilizando as informações cedidas por ele. A Declaração Anual do Simples Nacional (DASN), uma das obrigações do MEI, é feita com a leitura dos dados.
Entre as funções estão o cálculo de eventuais juros dos impostos e a emissão de segunda via. O empreendedor pode alterar os dados de sua empresa na plataforma, e a SmartMEI faz a mudança diretamente no site da Receita Federal.
Monetização
O aplicativo oferece também as funcionalidades de uma conta PJ mediante uma mensalidade de R$ 15. O MEI não precisa se preocupar com restrições ao seu nome, pois a aprovação é imediata logo que a empresa é localizada pelo CNPJ. A startup utiliza para isso uma estrutura de conta muito próxima à de um modelo pré-pago e, por isso, não precisa de um banco como parceiro. Não há carência na hora da contratação e o cancelamento pode ser solicitado a qualquer momento.
“Quando recebemos o pagamento da primeira mensalidade começamos a preparar o cartão de débito SmartMEI, que chega em dois ou três dias. Com ele, o MEI consegue fazer pagamentos nos estabelecimentos e saques de dinheiro em toda a rede Banco 24 Horas”, explica.
A conta permite transações entre usuários da SmartMEI ou com clientes de outros bancos. Os custos adicionais são taxas de transferências, depósitos e saques.O acompanhamento dos gastos e a consulta dos recebimentos podem ser feitos diretamente pelo aplicativo.
Também é possível gerar boletos com a logomarca do MEI. “Pela plataforma, o usuário faz a emissão de boletos e só paga a taxa de R$ 5 se detectarmos o pagamento de seu cliente”, diz. Se o boleto for emitido e não pago, a taxa não é cobrada
“As notas fiscais também podem ser emitidas, mas por enquanto apenas para a cidade de São Paulo”, diz.
Sem abrir valores, o empreendedor diz que já realizou uma rodada de investimentos, mas que o início do negócio foi bancado com recursos próprios. Picchi não revela o faturamento.
Segundo ele, o principal desafio da startup é a serviço de suporte gratuito. “Nossa grande dificuldade é atender todos esses profissionais, de graça e com qualidade, da mesma forma como gostaríamos de ser atendidos”,
Marcos Bissi – DCI