Problemas nas costas e lesões nos joelhos encabeçam a lista de problemas de saúde que mais geram afastamento de trabalhadores pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no Estado do Rio. Segundo informações obtidas pelo EXTRA — por meio da Lei de Acesso à Informação — somente nos primeiros nove meses deste ano, o órgão concedeu 133.817 auxílios-doença a cidadãos fluminenses.
No país, no mesmo período de janeiro a setembro, de acordo com os dados oficiais, 1,7 milhão de auxílios foram liberados a segurados do INSS, entre benefícios acidentários (quando o trabalhador sofre um acidente no trabalho ou a caminho dele) e previdenciários (casos em que o problema não tem relação com a empresa, como um pé torcido em um jogo de futebol no domingo).
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De acordo com um médico perito do INSS consultado pelo EXTRA, os dados sobre os afastamentos, no Rio, mostram que cresce o número de enfermidades relacionadas à função exercida no trabalho, ao passo que diminuem os pedidos de afastamento decorrentes de acidentes. Pelas estatísticas do INSS, cinco dos dez problemas que mais garantem a concessão de auxílios podem estar ligados a atividades laborais, como dores nas costas e na coluna, lesões nos joelhos e nos ombros, além de tendinite.
— As empresas estão mais preocupadas com a segurança do trabalho, o que diminui casos de acidente. Porém, falta de postura, esforço repetitivo em determinadas funções e excesso de trabalho podem causar as doenças que são líderes em concessão de benefícios do INSS — disse o perito.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), Francisco Alves, historicamente as doenças ortopédicas são as que mais levam a afastamentos remunerados pelo INSS, em parte, dado o perfil do trabalho no Brasil, com milhares de postos que ainda exigem muito esforço físico:
— Cerca de 70% dos auxílios-doença concedidos no Brasil são por doenças ortopédicas. Isso tem a ver com o perfil do mercado de trabalho, mas também com a fisiologia humana. O envelhecimento aumenta probabilidade de desenvolvimento de dores nas costas e na coluna e de lesões em nervos e tendões.
Outros dados expostos no levantamento começam a preocupar. Entre as 15 doenças campeãs no quesito afastamento do trabalho, em 2017, duas acometem as mulheres. Em terceiro lugar do ranking da Previdência Social, aparece o tumor no útero, com 2.546 concessões de auxílios e, em 10º, o câncer de mama, com 1.575 licenças liberadas apenas nos nove primeiros meses do ano.
Médicos acham que asma não é coisa séria, diz a doméstica Enivalda de Castro
Sofro de asma crônica desde quando trabalhei com carteira assinada, mas nunca consegui me afastar, mesmo tendo graves crises, até diárias. Perdi o emprego e continuei contribuindo para o INSS, para tentar conseguir o auxílio-doença, pois realmente é difícil para mim trabalhar com a doença. Fico muito cansada e tenho dificuldades para respirar. Porém, como se sabe, algumas doenças não são nem consideradas pelo INSS para a concessão de licença. Os médicos peritos acham que asma não é coisa séria e, assim, fica mais difícil de conseguir o benefício.
QUEM PAGA
O texto que regulamenta a concessão do auxílio-doença é claro quanto às regras. As empresas pagam os primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador, e o INSS, a partir do 16º, pelo período restante.
Valor da renda
O cálculo do valor do auxílio-doença é feito considerando-se a média aritmética simples das últimas 12 contribuições ao INSS. A ideia é evitar que a pessoa, já doente, comece a contribuir apenas para ter o benefício.
A exigência mínima de um ano de recolhimento é dispensada, se o segurado tiver sofrido um acidente de trabalho ou tiver uma doença causada por sua atividade.
Tempo
O auxílio é provisório e deve ser mantido pelo tempo necessário à recuperação.
Diferenças
O auxílio previdenciário (quando o motivo da licença não tem a ver com o trabalho) não garante estabilidade quando o trabalhador volta à ativa. O acidentário (problema sofrido na empresa ou no caminho) resulta em 12 meses sem demissão, ao retornar. Via JC E JORNAL EXTRA